O Carnaval de São Luiz do Paraitinga “deu no New York Times”
Nem todo mundo sabe, mas o Carnaval de São Luiz do Paraitinga, um dos mais tradicionais do Estado de São Paulo, foi proibido por um padre por quase cinco décadas. O rígido controle dos fiéis pelo sacerdote italiano, que chegou ao município do Vale do Paraíba na década de 1910, colaborou para perpetuar uma lenda, criada por ele, e que até os anos 80 afastou os foliões e turistas da cidade.
O vigário italiano Ignácio Gióia decidiu proibir todas as manifestações consideradas profanas. Para essa missão, surgiu então o mito que aqueles que brincassem no carnaval seriam castigados com o aparecimento de rabo e chifre.
Na década de 1960, depois da morte do padre, moradores da cidade tentaram retomar a folia, que na época ficava restrita aos salões da cidade. Porém, o carnaval de São Luiz do Paraitinga voltou somente no início da década de 1980, em iniciativa própria dos moradores da cidade, sempre apoiada na cultura regional, com destaque para o ritmo das marchinhas e o colorido das chitas. Cultura, tradição mantida até os dias de hoje.
Na contramão dos estilos globalizados e saturados de axé, pagode, sertaneja, etc, o repertório do carnaval luizense é composto exclusivamente de marchinhas carnavalescas criadas por compositores locais, muito influenciada pelos costumes, tradições e folclore local, proporcionando uma identidade própria e atmosfera única.
Consequentemente, o carnaval de São Luiz do Paraitinga extrapolou as fronteiras e ganhou fama mundial, principalmente quando, em janeiro de 2008, “deu no New York Times”. Citado pelo jornal como “um dos melhores carnavais de rua do mundo”, o carnaval de marchinhas e bonecões coloridos passou a atrair estrangeiros vindo da Europa, EUA e América Latina, para comprovar que o carnaval luizense é divertido, tradicional, diferente e que não precisam ter medo, porque ninguém é castigado com “rabo e chifre”.